"Outros Sons de Carnaval": a ressignificação da folia
O PROJETO
Outros Sons de Carnaval é um projeto da Lei Aldir Blanc e ProAC, com realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal Pátria Amada Brasil e O.A. Eventos, empresa de eventos do Grupo EP, e transmissão do portal de notícias ACidade ON.
Outras informações, acesse: www.outrossonsdecarnaval.com.br
OUTORS SONS DE CARNAVAL
Já dizia o filósofo grego Platão (428 a.C.-347 a.C.): "A necessidade é a mãe da invenção". Nestes tempos de Covid-19, dá para dizer que a necessidade é a mãe da ressignificação. Sem carnaval na rua e nos salões, a folia ganhou um outro palco: o virtual. E um dos projetos que se propôs a oferecer ao público uma opção musical diferente para curtir em casa foi o "Outros Sons de Carnaval", que também captou recursos para artistas que perderam renda no ano que passou.
A primeira edição ocorreu entre os dias 18 e 20 de fevereiro, com realização da produtora Oceano Azul Eventos, empresa do Grupo EP, e curadoria artística do Instituto Anelo, associação sem fins lucrativos que há 20 anos oferece aulas gratuitas de música no Jardim Florence I, bairro do distrito do Campo Grande, em Campinas. Foram dois shows por dia, com uma hora de duração cada, todos com grupos artísticos ligados ao Anelo e transmitidos on-line no canal do portal de notícias ACidade ON.
Luccas Soares, fundador e coordenador geral do Instituto Anelo, afirma que participar do projeto "Outros Sons de Carnaval" foi um presente. "Esse projeto possibilitou o resgate de várias formações que o Anelo teve ao longo de 20 anos. São 20 anos de projeto, gente que entrou e saiu como professor, como profissional da música. De fato é um presente poder fazer o que a gente ama, com toda a segurança, sem deixar passar em branco esse momento", diz Luccas.
Ele lembra que o mundo vive um momento delicado, e que as pessoas têm que se resguardar, mas que foi lindo reunir os músicos para as apresentações on-line, que é a ferramenta possível atualmente. "E quando a gente fala de resgate, não é só de formação, mas de toda essa ideia musical. São grupos totalmente diferentes, com histórias diferentes, cada um com seu sabor", afirma Luccas, que destaca o ineditismo do evento para o Anelo, justamente por concentrar tantos grupos ligados ao Instituto num mesmo projeto.
"Tivemos o Sax Supera, com cinco saxofonistas tocando temas nacionais e internacionais; o Baião Anelo, com uma homenagem a Luiz Gonzaga e aos nordestinos, esse povo sofrido que ajuda a construir a cultura brasileira; a Banda Flor, essa delicadeza, essa garra, essas meninas incríveis, entrosadíssinas; o Mistura de Tempero, grupo de choro, com clássicos de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, entre outros; o Anelo 6teto, que já representou o Instituto Anelo na África do Sul; e o Grupo Vocal, com o Tributo a Tim Maia", lembra Luccas.
"Foi uma alegria muito grande, nesse momento, com todo o cuidado, poder oferecer a nossa música com a parceria da Oceano Azul. Ficamos muito felizes pelo convite, mas muito gratos mesmo por poder fazer música, porque a música também é um remédio para o mundo", diz Luccas. Sobre voltar a tocar em grupo e ao vivo, depois de quase um ano de pandemia, ele afirma: "Valeu a pena esperar, respeitar a ciência. Reencontramos todo mundo bem, todo mundo fazendo o que ama e se reinventando".
Guilherme Ribeiro, coordenador pedagógico e regente da Orquestra Anelo, corrobora a opinião de Luccas Soares sobre o cardápio musical do evento. Para ele, que atuou na curadoria das atrações do projeto, os grupos selecionados para integrar a programação da primeira edição do "Outros Sons de Carnaval" refletem muito do que o Instituto Anelo faz em termos de música. "Tem diferentes estilos de música instrumental, tem música tradicional, choro, forró, canção, jazz, improvisação, o que ficou muito bacana."
PALAVRA DE MÚSICO
Para a pianista Julia Mazzotti Toledo, integrante da banda Flor, participar de um projeto como "Outros Sons de Carnaval" foi bem interessante, principalmente pela injeção de ânimo nos artistas depois de um ano em que não puderam tocar juntos. "Começar o ano com esse incentivo traz a esperança de que as coisas sigam se renovando", diz ela, que espera que o público tenha desfrutado do carnaval on-line de forma prazerosa, assim como foi para músicos tocarem.
Já sua colega de banda, a cantora Júlia de Toledo Piza Furlan, afirma que esse modelo de show on-line é um meio de oferecer às pessoas um meio de voltar à alegria em tempos de pandemia. "É uma forma de a gente ter acesso a coisas que nos fortalecem, que fortalecem a nossa alma. Eu acredito que a música tem esse poder de fortalecer a gente em situações difíceis e também em situações de prazer", diz ela, que ainda faz parte do Grupo Vocal do Instituto Anelo.
O multi-instrumentista e arranjador Rômulo Oliveira, integrante dos grupos Sax Supera e Baião Anelo, acredita que o carnaval on-line é uma alternativa que vai perdurar de alguma maneira. "Muita gente não gosta de sair de casa, mesmo durante o carnaval. Pode ser que este modelo se torne o novo normal", acredita Rômulo, que além de se apresentar com os dois conjuntos dos quais faz parte, também teve uma participação especial no show Tributo a Tim Maia, junto ao Grupo Vocal do Instituto Anelo.
O saxofonista Vinicius Corilow, que integra o Anelo 6teto e o Sax Supera, lembra que os músicos vinham de uma rotina intensa e, de repente, tudo parou por causa da pandemia. Por isso, diz que foi muito bacana participar do projeto. "Quem imaginou que depois de um ano de pandemia a gente viveria esse carnaval? Jamais", afirma ele, que revela que a participação no "Outros Sons de Carnaval" deu um "novo gás" ao Anelo 6teto. "Fez a gente seguir com os planos de gravar, de lançar disco, de participar de festivais fora do Brasil."
E se para Vinicius e o Anelo 6teto, o projeto "Outros Sons de Carnaval" serviu para reavivar e confirmar objetivos, para Jorge Reis, jovem talento revelado entre os 500 alunos atendidos anualmente pelo Instituto Anelo, participar desse evento foi uma "oportunidade gigante". "Principalmente pra mim, que estou começando a atuar profissionalmente", disse. Integrante do Grupo Vocal do Instituto Anelo, Jorge aplaude a proposta do evento de levar ao público estilos musicais diferentes do que comumente se ouve no carnaval.
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